Jornalistas do grupo RBA usam preto em protesto pelas perdas salariais
O Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor-PA) com a nova gestão “Sempre na Luta” tem tentado há um ano negociar reajustes dignos para a categoria com os principais grupos de comunicação do Estado. Há cinco anos sem reajuste, as perdas da categoria ultrapassam 26%.
Desde a semana passada, o Sinjor começou uma série de manifestações nas ruas, em frente à sede do veículos de comunicação em Belém. Nesta sexta-feira, 27, membros do sindicatos então em frente à TV RBA, na avenida Almirante Barroso, no bairro do Marcos, desde a 8 horas. Na sexta-feira passada, dia 20, a mobilização foi em frente à TV Liberal, no bairro de Nazaré.
O Sinjor-PA solicitou que os jornalistas trabalhem, nesta sexta-feira, usando roupas pretas em sinal de protesto. No que foi atendido, prontamente, no grupo RBA.
Ao longo dos últimos anos, a realidade dos jornalistas no Pará ficou ainda mais difícil e precária com aumento de demandas com produção de conteúdo para redes sociais juntamente com matérias, além de diminuição de frota de carros de reportagem próprios das empresas para adoção de carros de aplicativos para as equipes de reportagens.
No grupo Diário do Pará/RBA é a mesma realidade. Com condições cada vez mais precárias de trabalho sem respeito e dignidade aos trabalhadores, o grupo não reajustava os salários há cinco anos, mas a partir desta gestão, o Sinjor-PA buscou o grupo Diário/RBA para elaborar um novo acordo coletivo.
Os jornalistas apresentaram uma lista com 32 pontos para negociação, desde reposição salarial das perdas inflacionárias acumuladas desde 2017, como pagamento de retroativos, plano de saúde, pagamento de horas extras, pagamento de feriados, auxílio creche ou escola e outros.
Durante a negociação, os jornalistas aceitaram em assembleia geral diminuir o percentual de reposição de 14% para 12%. Entretanto, a última proposta da empresa aos trabalhadores, em reunião com o diretor Camilo Centeno, foi de reajuste de apenas 7% para os jornalistas do Diário e portal DOL, e 5% para os jornalistas da RBA TV, o que seguia a proposta de reajuste do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Pará (Sertep).
As propostas do grupo ficaram abaixo da inflação do ano passado, que chegou a medir de maio de 2020 a abril de 2021 a 7,14%. O percentual não chegou à metade das perdas salariais da categoria até o ano passado que ultrapassavam 14%.
Em reunião com a direção do Grupo, o Sinjor-PA foi informado que essa seria a última proposta da empresa para os jornalistas. O que praticamente fechou as portas para avanços ou para discutir o restante das perdas salariais.
Diante do impasse e do tratamento desigual, que os patrões querem submeter os jornalistas da TV RBA para o restante do grupo, o Sinjor procurou este ano a mediação do Ministério Público do Trabalho do Pará e Amapá (MPT-PA AP) para que ajude na negociação.
O adiantamento de 7% no salário dos jornalistas concedido pela empresa no final do ano passado foi utilizado como forma de tentar pressionar os trabalhadores para aceitar logo o acordo prejudicial. O reajuste também não foi concedido a todos os jornalistas do grupo, mas apenas aqueles com mais tempo de casa. Reforçando o tratamento desigual dentro da empresa.
Perdas – Somente de 2021 para 2022, a inflação no período alcançou 12,89%. Com a somatória dos anos 2018, 2019 e 2020, os jornalistas acumulam perdas de mais de 26% do salário. Os 7% propostos no ano passado estão muito abaixo da inflação inclusive deste ano.
Essa é a prática tradicional dos veículos de comunicação do Pará: esperam acumular as perdas salariais ao longo dos anos, não reajustando os salários (o que poderia ser feito pelas próprias empresas). Os patrões esperam a defasagem salarial aumentar para depois pressionar o SINJOR-PA e os trabalhadores a aceitarem migalhas dos seus bolsos milionários.
Os jornalistas do grupo RBA, Diário do Pará, DOL e Rádio Clube gritam por respeito e querem o percentual de 26% de aumento salarial.
Texto: Sinjor-PA